Este papo de experimentar, viver aos poucos, conhecer para acontecer, não é para mim. Sou adepto às intensidades. Mergulho de uma vez, como se fosse a última.
Consciente do enorme risco que é ser intenso, não conseguiria viver sem o frio na barriga, sem os parágrafos tórridos de paixão.
Não conseguiria viver sem o olhar profundo, o abraço que aperta literalmente a pele, o suor que lacrimeja desejo, o poema declamado em grito, a ligação telefônica em gaguez de saudade.
Não conseguiria viver um amor sem loucuras (claro! sempre secretas e nossas!), sem as músicas cantadas ao vento, sem os banhos de chuva no Ibirapuera, sem a Praia do Espelho em Trancoso, sem a gentileza do abrir-fechar portas, do levar-trazer-receber xícaras e taças.
Não conseguiria viver sem desligar o despertador em pleno dia de semana, sem sentir nossas olheiras de cansaço, sem as brincadeiras sem nexo, sem as ironias maldosas e quentes, sem o beijar nariz. Sou intenso.
Os intensos, em muitos momentos, não são compreendidos, são tidos como loucos, como desrespeitosos, como ultra-avançados no tempo. Tempo – algo completamente relativo. Sim, sou louco e intenso.
Não seria melhor ser amado ou amar intensamente, mesmo que a relação dure pouco? Aliás, o que é durar pouco? Penso que uma relação deve durar o tempo suficiente para ser inesquecível. Sim, sou louco. E intenso.
A relação deve durar o tempo exato para se ter gravada cada risada, cada brincadeira, cada mania engraçada, cada beijo, cada toque. Durar o tempo exato para que prevaleçam os gestos do bem. Sim, sou louco e intenso.
Todos nós deixamos algo positivo em alguém, por maiores que tenham sido os conflitos. Vivemos para aprender e ensinar. Na intensidade, então, tudo é mais forte, menos calculado, com força, sem essa convenção de que é preciso ter tempo, dar um tempo, pensar em tempo para tudo, tempo, tempo, tempo… Sem essa. Sim, sou louco.
DIOGO ARRAIS
@mesmapoesia